O seu filho está mancando? Isto pode ser um indício de sinovite transitória, uma espécie de inflamação nas articulações que, normalmente, acomete crianças de um a seis anos.
O quadro é causado por um vírus associado a infecções das vias aéreas e, portanto é muito comum no inverno.
Embora seja de tratamento relativamente simples, é preciso estar atento.
Isso porque, em alguns casos, a sinovite pode estar associada à infecções osteoarticulares e doenças reumatológicas.
A sinovite transitória ocorre principalmente nos quadris, joelhos e tornozelos, causando desconforto e forçando a criança a mancar.
A causa do desconforto é o excesso de líquido nas articulações. Quando percebe um vírus, o organismo reage e libera anticorpos.
As toxinas resultantes do confronto entre o vírus e os anticorpos se depositam nas articulações.
E a presença da toxina estimula as membranas sinoviais a produzirem mais líquido lubrificante, o que estufa as paredes articulares, gerando uma leve dor e fazendo com que a criança passe a mancar.
A criança pode apresentar inchaço na região afetada
O desconforto é maior principalmente nos extremos do movimento, quando se tenta fazer o movimento em sua amplitude máxima.
Além da claudicação, em alguns casos é possível perceber inchaço ou edema nas regiões afetadas.
É o que a gente chama de derrame e fica mais visível nos joelhos e tornozelos. No quadril não é possível visualizar porque se trata de uma articulação mais profunda.
Em geral, o desconforto nas articulações se dá de duas a quatro semanas após o contato com vírus causadores de infecções como gripe, resfriado, dor de ouvido e de garganta. De forma que a inflamação das vias aéreas não coincide com a dor articular.
Na grande maioria dos casos, houve a presença prévia do vírus de infecção das vias aéreas, mas já observei que até mesmo diarreias podem promover sinovite transitória e artrite reacional.
Tratamento inclui medicação e repouso
A dor vai cessando conforme a inflamação vai cedendo e à medida em que o organismo depura as toxinas depositadas nas articulações.
O processo de limpeza articular pode levar de três semanas a três meses.
Durante esse período é possível a reincidência do desconforto. Além do anti-inflamatório é necessário repouso articular.
Não é o caso de repouso absoluto, a criança não precisa ficar deitada.
Mas é importante que no início do tratamento, mesmo que já não sinta mais nenhum desconforto, não se exceda nas atividades físicas.
Caso contrário todo o ciclo pode reiniciar. Então é melhor evitar esportes e festas infantis neste período.
Ainda que, de forma isolada, a sinovite transitória não indique uma situação de complexidade, é importante que os pais se mantenham atentos.
Isso porque se trata de uma inflamação articular de diagnóstico muito próximo ao das infecções osteoarticulares, como artrite séptica e osteomielite.
A sinovite está presente também em algumas outras doenças, principalmente reumatológicas e também na Doença de Perthes.
Para diferenciar a sinovite das infecções bacterianas que afetam articulações, são utilizados exames laboratoriais e observados sinais clínicos.
No caso das infecções, a criança geralmente não permite que se movimente a articulação afetada, pois a dor é intensa.
Além de febre alta, o paciente fica amuado, sem fome e irritado.
Inflamações articulares frequentes exigem atenção
É essencial que os pais que fiquem mais atentos e não deixem de procurar um ortopedista em casos de inflamações articulares frequentes e de inflamações migratórias.
Quando isto acontece, existe a possibilidade de doenças reumáticas e se faz necessária uma investigação mais ampla.
A criança deve ser encaminhada a um reumatologista, que irá investigar outros parâmetros.
Doenças reumatológicas são raras na infância, mas é muito melhor investigar e descartar a possibilidade do que ter de conviver com as consequências de um diagnóstico tardio.
Sinovite no quadril pode indicar Doença de Perthes
É necessário ficar atento aos casos de sinovite no quadril.
Quando ocorre nesta articulação, a inflamação pode ser um estágio inicial da Doença de Perthes, uma patologia de caráter degenerativo e com potencial para causar danos graves.
Por conduta, quando há uma inflamação do quadril, é necessário que depois 30 ou 60 dias, se faça um exame radiográfico.
Esse exame permite observar possíveis alterações na parte óssea que indicariam necrose na cabeça do fêmur.
É mais uma situação em que diagnosticar cedo faz toda a diferença para a qualidade de vida da criança.