Amamentar exclusivamente no seio se assemelha às emoções que sentimos durante a prática de um esporte que leva o corpo ao extremo. Eu comparo com as atividades físicas mais difíceis que eu já fiz, como trekkings de longa distância e em terrenos desafiadores, subida de montanhas e a ascensão a um vulcão!
Antes de ir, você precisa se preparar fisicamente, mentalmente e estudar o que você vai fazer. Nessa fase há a preocupação se você será capaz, com aquele misto de ansiedade boa por viver essa experiência.
Os primeiros dias da amamentação não são fáceis, mesmo você fazendo tudo certo. Dói, incomoda, os seios pesam, você sente sono. É algo que demanda de você.
Mas você está animada. Você se preparou para isso. De certa forma, sabia que não seria fácil. Então você sabe que vai melhorar e a empolgação continua! Assim como os primeiros km de caminhada; assim como os primeiros metros de subida nas escaladas. O fôlego vai pegando, as dores começam, mas você está empolgada para o objetivo final!
Quando o tempo vai passando, a exaustão por ter que acordar a cada 2 horas ou menos para dar de mamar nas madrugadas chega, e você percebe que virou refém das refeições do seu bebê.
Sua vida se baseia nas mamadas: “ela vai mamar tal horário, então eu tenho X minutos para comer, ou tomar banho, ou dormir”. Ou o pior, às 3h da manhã, o bebê dormiu: “agora preciso aproveitar porque tenho 40 minutos para dormir”.
Isso desanima. A hipótese de dar mamadeira às 4h da manhã passa pela sua cabeça, e você tem certeza que não vai conseguir, ou sente que não quer mais passar por isso. Que você nunca mais vai engravidar. Que a experiência foi boa, mas que você é meio louca por ter desejado tanto passar por isso.
Nos esportes, quando a exaustão bate e o fôlego acaba, também é assim. O que eu estou fazendo?! Por que eu quis tanto fazer isso?! Poderia estar numa espreguiçadeira na praia, ou mesmo em casa no sofá. Mas estou aqui sofrendo. Nunca mais farei esportes desse tipo!
Aí vem o auto desafio. Vou amamentar só mais uma noite, amanhã eu penso e vejo como estarei. Vou caminhar ou subir só mais alguns metros, só até aquela pedra, e eu repenso se continuo ou não.
E é assim, de noite em noite, de passo em passo que seguimos.
Então chegar ao objetivo final, ou ao cume, não tem explicação! Aquele misto de “ufa”, de euforia, de orgulho por ter conseguido. Você vê como é forte e capaz de fazer tudo que quiser.
Durante a descida, você já está planejando o próximo trekking ou escalada, como se o sofrimento da subida tivesse sido exagero e você vê como gosta de fazer essas coisas.
É assim quando você pesa seu bebê e vê que ele está engordando, única e exclusivamente graças ao seu leite; quando o dia clareia e você vê que sobreviveu a mais uma madrugada de mamadas incessantes; ou quando alguém te pergunta se o bebê mama só no seio, e você responde com um lindo e sonoro “sim”!
Então tudo faz sentido. Tudo vale a pena. E você tem energia e empenho para começar tudo de novo em mais um dia. Orgulhosa de si mesma. Feliz e realizada por estar vivendo essa experiência única!