A asma representa hoje no país um grave problema de saúde pública, responsável por cerca de 350.000 internações por ano, constituindo-se na terceira causa de hospitalizações entre crianças e adultos jovens. Os custos ao Sistema Único de Saúde (SUS) com internações por asma chegam a 76 milhões de reais por ano, sendo o terceiro maior valor gasto com uma doença.
O número de crianças acometidas pela doença no mundo gira em torno dos 11%, segundo dados de um estudo recente realizado em vários países. No Brasil, a média é de aproximadamente 20%.
Apesar da mortalidade por asma ser relativamente baixa, pesquisas vêm demonstrando um aumento progressivo no número de óbitos.
Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, houve um aumento correspondente a 5% a 10% nos últimos 10 anos, com elevado número de mortes ocorrendo dentro das residências.
Em virtude desses dados acima, a asma tem sido objeto de muitos estudos científicos com o intuito de desenvolver tratamentos cada vez mais eficazes. Hoje, a medicina dispõe de um arsenal grande de medicações.
Apesar disso, o tratamento da asma depende de outros fatores como: controle do ambiente que o paciente vive, da aceitação da doença por parte do próprio paciente e dos pais e, do uso correto dos medicamentos.
Para entender melhor o que é essa doença preparamos um vídeo completo sobre o assunto com o Dr. Rodrigo Furuwaka, Pneumopediatra aqui da Amare. Confira:
Diagnóstico
O diagnóstico da asma em crianças de até 5 anos representa um problema particularmente difícil. Isto porque, a tosse e o chiado de peito são comuns em crianças, particularmente naquelas abaixo dos 3 anos, acometidas por outras doenças respiratórias como aquelas causadas por vírus (gripes), principalmente pelo vírus sincicial respiratório e adenovírus.
Outro inconveniente: não há um exame específico para se diagnosticar a doença, ou seja, isso é realizado baseado na história clínica e na evolução do paciente.
Outros exames que poderiam auxiliar dando indícios da existência da doença, principalmente os testes alérgicos, tem pouca sensibilidade (dificilmente dão resultados positivos) nesta idade.
Crianças com crises repetidas de tosse, falta de ar e chiado de peito, associados com a existência de familiares com história anterior de doenças alérgicas (asma, rinite e dermatite), têm grandes chances de serem asmáticas, e no mínimo, merecem acompanhamento com especialista até que se afaste de vez essa possibilidade.
Tratamento
O tratamento da doença é cercado de alguns mitos disseminados entre a população, muito em virtude da desinformação sobre os tipos de tratamento existentes. Esses “folclores” acabam por causar medo e receio, dificultando ainda mais o controle da doença.
Existem dois tipos de tratamento: para o alívio de uma crise e para controlar a doença (evitando que ocorram novas crises). É importante saber disso, pois os remédios utilizados são diferentes. Na crise asmática, ocorre uma obstrução aguda das vias aéreas, dificultando a respiração.
Nessas situações, são indicados usos de medicações que proporcionem a “abertura” das vias aéreas, os chamados broncodilatadores com efeito de curta duração que podem ser administrados por via oral e inalatória (a mais segura e efetiva).
Estes têm como efeitos colaterais mais freqüentes, tremores de extremidades e aumento da freqüência cardíaca. Esses efeitos são de curta duração e só causam mal-estar caso haja exagero no seu uso (assim como qualquer tipo de medicação).
Outro tipo de medicação utilizada na crise asmática são os corticoides administrados por via oral e em esquema de curta duração (em média 5 dias), com finalidade de diminuir a inflamação ocasionada pela doença.
Esse esquema é o mais seguro para o paciente, pois os efeitos colaterais do uso de corticoides só surgem se usados diariamente e por tempo prolongado.
Essa associação de medicações (corticoide oral + broncodilatador de curta duração) são necessárias para o controle das crises agudas, pois reduzem drasticamente o risco de internação e as complicações da doença.
A asma é uma doença crônica caracterizada pela inflamação das via aéreas. Para que haja o controle e que se evite crises, novamente as mais efetivas medicações a serem utilizadas são os corticoides e broncodilatadores.
Entretanto, o que muda é o meio de administração e o tipo de medicamento. Os corticoides são os mais potentes e eficazes anti-inflamatórios disponíveis, sendo neste caso, utilizados por via inalatória.
É importante frisar que, uma vez usados através de dispositivos inalatórios (aerossóis e inaladores em pó), os corticoides tornam-se medicações extremamente seguras para serem usadas a longo prazo, mesmo na infância, pois as doses utilizadas são menores se compararmos com as utilizadas por via oral, uma vez que a ação da medicação é realizada diretamente no local (dentro dos pulmões).
Os broncodilatadores utilizados para o controle também são os de longa duração, e, são reservados para situações de maior gravidade. Na maioria dos casos, são utilizados juntos com os corticoides.
Prevenção
A grande dificuldade na prevenção da doença é o uso incorreto da medicação. Isso ocorre pois existem inúmeros tipos de dispositivos inalatórios, e cada um deles tem uma maneira correta de ser utilizado.
Em crianças abaixo de 7 anos, as medicações inalatórias preventivas da asma devem ser usadas com o auxílio de um espaçador infantil com válvula e máscara (vide imagens abaixo).
Sua utilização deve ser orientada e monitorada por um médico, pois o uso incorreto é a causa mais comum de falha no tratamento. Em crianças maiores, podem ser usados os dispositivos utilizados em pacientes adultos, mas igualmente devem ser acompanhados por profissional habilitado.
Atualmente, é conhecido que, quanto mais precoce é o início do tratamento, maiores são as chances de uma criança asmática se tornar um adulto sem crises.
É muito importante, que os pais ou responsáveis saibam que a asma é uma doença que pode causar alterações pulmonares irreversíveis, caso se retarde ou não se realize o tratamento preventivo.
Cabe também ressaltar que, a asma (assim como qualquer doença de origem alérgica) não tem cura, mas o seu controle total é possível, desde que o paciente seja acompanhado e tratado de maneira adequada. Sempre desconfie de “tratamentos” que prometem a sua cura.
Procure sempre esclarecer suas dúvidas com seu médico. O acompanhamento a longo prazo e a educação sobre a doença também são peças fundamentais do tratamento.