O que parecia tão natural de repente tem sido um desafio para mamães e bebês. Embora toda mulher tenha a capacidade em amamentar, algumas apresentam dificuldades logo nas primeiras semanas de maternidade.
Atraso na descida do leite, bebê que não suga direito, rachaduras nos mamilos: todos os problemas têm soluções.
Por que podem ocorrer essas dificuldades com relação à amamentação?
Uma das respostas está na maneira como tem ocorrido o nascimento dos bebês.
Na natureza, todo filhote tem um comportamento programado e instintivo de buscar a mama por uma questão de sobrevivência.
A mãe, por sua vez, responde de maneira instintiva de proteger e alimentar sua cria.
No entanto, quando essa sequência natural é interrompida, a mãe rejeita a cria ou a cria fica confusa, não conseguindo sobreviver sem ajuda.
Em nosso meio, interferências são comuns, comprometendo o processo natural, dentre elas:
Anestesia e medicamentos:
Em alguns casos, as mães estão “ressacadas” ou anestesiadas e, por consequência, os bebês estão pouco responsivos, dificultando o estado de alerta e a sucção.
Bebês e mães separados durante o nascimento:
Separar a mãe do bebê durante o nascimento pode comprometer a relação.
Estes bebês apresentam reflexos de sucção e busca por alimentos diminuídos ou atrasados.
Episiotomia:
A episiotomia faz com que a mãe não tenha um posicionamento adequado para amamentar, além da dor.
Prematuridade:
O bebê que nasce antes de estar preparado para o nascimento apresenta os reflexos de sucção diminuídos.
Longos períodos de indução do trabalho de parto:
O trabalho de parto longo também comprometem o reflexo de sucção do bebê.
Além disso, feitos mecânicos como retirada abrupta do bebê via cesárea, parto vaginal com fórceps ou vacuoextrator, podem lesionar nervos cranianos. Dentre eles o hipoglosso, nervo que controla o movimento da língua, muito importante do processo de sucção.
A aspiração de vias aéreas também deve ser feita com cuidado, pois pode provocar aversão oral, comprometimento da orofaringe e alterações sensoriais.
É claro que em algumas situações as intervenções se fazem necessárias para se prevenir ou evitar complicações para o bebê e/ou para a mãe.
Mas ter sempre em mente que grande parte das intervenções podem afetar a amamentação permite que as mães entendam que é necessário paciência e persistência, além de orientações e manejo adequado.
Dra. Patrícia de O. Furukawa – Enfermeira – Coren/PR: 118748
Joeci Coelho – Enfermeira – COREN/PR: 80226